Publicado:30/06/2025

Nova companhia aérea travada em Maputo apesar de aviões prontos para operar

Processo de licenciamento arrasta-se e levanta suspeitas de bloqueio à entrada da FastJet e Solenta

INTEGRITY, Maputo – 29 de Junho de 2025

Apesar de já se encontrarem estacionadas no Aeroporto Internacional de Maputo, as aeronaves da nova companhia aérea, fruto da parceria entre a Solenta Aviation e a FastJet, continuam impedidas de operar. O início das atividades estava previsto para o mês de Junho, segundo o Instituto de Aviação Civil de Moçambique (IACM), e representaria uma mudança significativa no setor, ao pôr fim ao monopólio da LAM nas rotas domésticas.

Fontes próximas da nova operadora, citadas pela TV Miramar, confirmaram que os aviões modelo Embraer 145 estão prontos para voar, mas enfrentam entraves burocráticos — nomeadamente a não emissão da licença de exploração. Há ainda suspeitas de interferência por parte de grupos de interesse com o objetivo de travar a entrada da concorrência no setor aéreo moçambicano.

O presidente do Conselho de Administração do IACM, João de Abreu, confirmou que o início das operações estava planeado para este mês. Questionado sobre os atrasos, afirmou desconhecer os motivos, alegando estar de férias, mas prometeu averiguar a situação.

Passageiros Esperam por Alternativas

A entrada da nova companhia aérea é vista com expectativa pelos passageiros, que há anos enfrentam críticas recorrentes às Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), por atrasos, cancelamentos e falhas operacionais.

Enquanto isso, a LAM vive também momentos de incerteza. Em Maio, Dane Kondić foi nomeado presidente do Comité de Gestão da empresa, no âmbito da sua reestruturação. No entanto, a 27 de Junho, a Air Botswana anunciou Kondić como o seu novo presidente do Conselho de Administração, lançando dúvidas sobre a sua permanência em Moçambique. O IGEPE e os demais acionistas da LAM ainda não se pronunciaram oficialmente sobre o caso.

Durante o balanço dos seus primeiros 100 dias de governação, o Presidente da República, Daniel Chapo, reafirmou o compromisso com a reestruturação da transportadora nacional, denunciando a presença de “raposas infiltradas” na companhia, envolvidas em práticas de corrupção e “nhonguismo”.

“Há quem não queira que a LAM tenha os seus próprios aviões”, declarou o Chefe de Estado.