Situada na província de Nampula, a primeira capital moçambicana foi elevada à categoria de cidade há 200 anos. Declarada em 1991 Património da Humanidade pela Organização da Nações Unidas para a Ciência e a Cultura (UNESCO), a Ilha de Moçambique é um dos principais destinos turísticos da região austral de África, devido à sua riqueza arquitetónica e cultural.
Os ilhéus querem, agora, tornar esta festa dos 200 anos num momento de reflexão sobre a preservação deste património, é o que diz Manuel Sumalgy, da comissão de preparação das comemorações dos festejos.
“Pensamos que as celebrações dos 200 anos devem deixar um marca para a própria ilha”, afirma Sumalgy, destacando que “consta no cronograma das atividades envolver os residentes da ilha para que continuem a respeitar os princípios impostos pelo Gabinete de Preservação da ilha e pela UNESCO, como manter as casas de macuti, a nossa cultura para exactamente dignificarmos a nossa ilha”.
Instituições privadas e organizações não-governamentais também estão envolvidas no processo de preservação do património da cidade. Um casal de empresários ligados à hotelaria está, por exemplo, a construir uma galeria para mostrar as potencialidades da ilha.
“Vão ser convidados artistas locais, de vários países, que antes estiveram ligados à Ilha de Moçambique para criar algo em diálogo com as comunidades para a projecção do futuro da Ilha, usando a cultura como veículo para o desenvolvimento da cidade”, sublinha Marcus Antman, que vive na localidade há quase uma década.
Desenvolvimento
Para Antman, não há dúvidas de que a preservação do património anda de mãos dadas com o turismo. “A grande vantagem que a ilha tem em relação a outros lugares do mundo é a sua história e cultura, a autenticidade da cultura, e isso tem que se interligar com o desenvolvimento turístico”, realça o empresário, para quem as instituições públicas e científicas também devem contribuir para expor a cultura e projetar o futuro local.
A Associação dos Pequenos Empresários de Hotelaria e Turismo da Ilha de Moçambique (APETUR), segundo o seu presidente, Momade Ossumane, acredita que o turismo é e será a principal fonte para o desenvolvimento e preservação da ilha.
“Nós temos esta obrigatoriedade de conservar estas técnicas de utilização de pedra e cal, isso é um grande atrativo para as pessoas que vêm conhecer a ilha”.
A Ilha de Moçambique conta com pouco mais de 13 mil habitantes, segundo dados do último censo populacional. Para as comemorações dos dois séculos da cidade, a 17 de setembro, são esperadas mais de três mil pessoas vindas de várias partes do mundo.